quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Apenas Um Acidente

Boa noite,

Mais um pouco da Polly para incrementar a noite que está chuvosa. Espero que apreciem e obrigada pela visita...








CAPITULO 15



Com o corpo saciado pelo amor, terminamos nosso banho. Enrolando-me na toalha, saí antes que Miguel conseguisse pegar em minha mão. A tensão voltava ao meu corpo, estava na hora de conversarmos, e se essa era a última vez que meu corpo provava do seu, estaria satisfeita.

- O que foi amor? Porque tu fugiu do banheiro? Ainda tenho coisas a fazer contigo!

- Miguel, vamos nos trocar e conversar?

- Tudo bem, se tu precisa me dizer algo, eu vou escutar, mas já lhe adianto, nada vai me afastar de ti.

- Espero que não.

Troquei-me de forma mecânica, sei apenas que coloquei um vestido qualquer que retirei da minha mala que ainda estava no canto do quarto sem desfazer. Evitei ao máximo olhar na direção que Miguel estava, assim ia reunindo coragem para lhe revelar o que eu temia.

Quando terminei de me trocar, caminhei até a varanda e me sentei em uma das espreguiçadeiras, escutei Miguel ao telefone, pedindo algo na recepção. Virei em direção às portas duplas e o observei vindo juntar-se a mim na varanda.

- Pedi algo para comermos, tu está há muito tempo sem se alimentar. – ele me disse de forma doce, tirando um cacho que cobria meu rosto.

- Miguel... – respirando profundamente para criar a devida coragem comecei minha história – quando eu fiz 18 anos, viajei para a Inglaterra para fazer intercambio, chegando lá deslumbrada com a sonhada liberdade, comecei a estudar inglês, conhecer Londres e sua vida noturna.
“Consegui um emprego em um restaurante, onde conheci o César, me encantei com o jeito sofisticado e educado dele, ele me cobriu de atenções e carinhos que eu nunca havia recebido. Tive somente um namorado na infância até inicio da adolescência, então não era experiente nesses assuntos.
Pode imaginar uma garota inocente de tudo, recebendo aquela atenção? Bem eu não resisti, seis meses depois contra todos os argumentos da minha família eu estava casada, com um homem estranho para eles, mas que era o príncipe para mim”.

Miguel me olhava de forma questionadora, o sorriso já havia sumido de seu rosto, me perguntava o que ele estava pensando.

- Após oito meses de um casamento amoroso, onde eu era satisfeita nos mínimos pedidos, era levada a festas glamourosas e conhecia pessoas importantes do mundo dele, comecei a notar alguns sumiços ocasionais, chamadas desconhecidas para nossa casa, onde nunca me respondiam e ao fundo uma mulher sempre ria.
Passado algum tempo ele não tentava mais explicar nada para mim, me privava da companhia das pessoas que fiz amizade, se irritava com meu modo de me vestir ou falar. Cobrava resultados que eu nunca alcançava como esposa, me chamava de imatura e muitas outras coisas. Tinha ciúmes excessivos e me culpava se alguém me olhasse ou se eu fosse simpática com algum homem.

- Quanto tempo tu ficou casada?

- Fiquei casada por três anos, eu compreendia que o que sentia por ele era amor, mas com o passar do tempo comecei a me cansar da forma que vinha sendo tratada. Tentei conversar com ele, me queixar da sua grosseria, porque ele sempre me criticava em tudo que fazia ou dizia, porque ele não me permitia continuar a estudar, ou não me levava mais as suas festas, e os telefonemas constantes que me diziam que ele me traía. Foi à primeira vez que ao invés de palavras recebi um tapa, fiquei completamente sem ação, quando tentei sair de dentro de casa ele apenas me arrastou pelos cabelos e continuou a me bater, neste dia fraturei meu braço pela primeira vez.


Sentia as lágrimas descendo por meu rosto e caindo sobre minhas mãos, não conseguia encarar Miguel, sei que ele me consideraria uma covarde e conformada, como a maioria das mulheres espancadas são consideradas pela sociedade.


- Depois disso o que aconteceu? É por isso que tu se assustou de manhã? Achou que eu fosse ele?


- Sim e não – eu não estava mais conseguindo, me forcei a continuar. – Depois disso eu tentei ir embora, mas ele não deixou, chorou e implorou por perdão, eu não aceitei, mas ele passou a me ameaçar fisicamente, sempre dizia que nunca abria mão do que lhe pertencia.


Miguel me olhava em silencio, como se tentasse enxergar ou compreender a vida que eu vivi, tinha muito mais, mas aquele não era o momento para expor minhas humilhações.


- Mas porque tu se assustou a ponto de desmaiar? O que eu fiz que te levou para essas lembranças?

- Passei os próximos anos presa por ele, e quando digo presa é confinada em um canto, onde era procurada para tu sabe o que, ou para ele descarregar suas frustrações, fui espancada de formas inimagináveis, e era obrigada a sorrir quando ligava para casa para dar noticias uma vez por semana, depois se estendeu a uma vez por mês, até que ele não permitia mais ligações.

- Então quando tu se sentiu imobilizada, teve recordações disso?


Não podia mais falar, as lagrimas não permitiam, apenas levantei o olhar e vi seu rosto em fúria assim como foi o seu tom de voz, apenas assenti com a cabeça.
  

Miguel se levantou furioso e saiu do quarto batendo a porta, fiquei sozinha chorando encolhida na espreguiçadeira, meu maior medo se tornava realidade, ninguém me aceitaria com esse passado, e eu não tinha dito sequer a metade da história para ele.




^AngelP^




1 comentários:

And_Rodrigues disse...

Mais uma postagem incrivel, e um capitulo muito bem escrito, a cada dia que passa escreve ainda melhor, parabéns, muito sucesso, e não deixe de postar...quanto a Polly quero mais capitulos logo

P Amodoro

^PAR^

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