sexta-feira, 25 de maio de 2012

Apenas Um Acidente

Boa Madrugada !

Em débito com atualizações no blog, mas a correria do dia a dia vem me cobrando muito, mas espero que apreciem mais um capitulo da Polly !









CAPITULO 22


Miguel


Quando a porta se fechou em minha cara, minha mente ficava apenas na dor que vi refletida naqueles olhos verdes que eu tanto amava.
A madeira que nos separava não foi forte o bastante para ocultar seu choro ou a dor que irradiava dela para mim.
Fui estúpido em ferir a quem eu só queria amar e proteger, um idiota em machucar a mulher que seria minha esposa, a mulher que sonhava grávida dos meus filhos.

Saí do apartamento e fui em direção ao meu carro, entrei e me sentei. Fiquei observando o portão de saída de carros quando vi o corsa branco de Pollyana saindo da garagem, dei partida e comecei a segui-la.
Não ia deixar o amor da minha vida escapar sem lutar, precisava ter certeza de que ela ficaria bem, mesmo que a responsabilidade da dor dela fosse minha.

Meu alivio era observar a prudência com a qual ela dirigia, mas estava ficando cada vez mais angustiado com o caminho que ela pegava.
Senti meu coração afundar no peito quando ela deu seta e foi em direção ao aeroporto.

- Não droga, não! Tu não pode fugir assim Cachos!

Falando sozinho me apressei em estacionar e correr atrás dela antes que fosse muito tarde. Apressei o passo pelo saguão procurando entre os balcões das companhias aéreas quando a vi se afastando de um deles e indo a direção dos portões de embarque.

Como se pressentisse minha presença Pollyana parou e olhou ao redor como se me procurasse, quando nossos olhares se encontraram vi seu corpo ficar tenso e o olhar de dor se intensificar, como se minha visão a machucasse. Parando o caminhar, aguardou eu me aproximar.

- Pra onde tu está indo?

- Já lhe disse Miguel, isso não lhe diz mais respeito – Pollyana respondeu com a voz tremula – pedi que se afastasse de mim, então respeita ao menos meu pedido, já que não pode respeitar nossa historia.

- Pollyana, vamos conversar – ela se afastou quando tentei me aproximar. – nós podemos resolver isso juntos, me perdoa, por favor, quantas vezes tu quer que eu implore?

- Não Miguel, eu não posso – as lagrimas desciam por sua face. – já fui magoada, agredida e enganada demais para voltar para isso novamente.

- Eu jamais desejei te magoar dessa forma, me perdoa.

O minuto que demorou em me responder foi longo demais, nossos olhares grudados, tanta dor brilhava no verde dos seus olhos, faria de tudo para não ter feito algo assim.

- Adeus Miguel.

Fiquei sem saber o que dizer, pude somente observar meu mundo se afastando de mim, por culpa da minha fraqueza, minhas duvidas e magoas mesquinhas.
Não sabia para onde ir, o que fazer ou que caminho seguir nunca me senti tão sozinho e perdido


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Polly

A casa dos meus tios não era o local apropriado para se ficar sozinha, minha tia Dulce me deu somente dois dias para ficar deprimida, logo estava programando festas e passeios dos quais tinha grandes intenções de fugir, assim como fugir da horda de primos da família Lemos que vinha para me apoiar e animar.

- Vamos lá dorminhoca, aqui nessa casa ninguém morre de coração partido – ela disse alegremente na manhã do terceiro dia.

- Por favor, Tia Dudu, só quero ficar sozinha, me deixa morrer em paz aqui pra essa dor passar. – falo escondendo a cabeça com o travesseiro.

- O que é isso menina? Já vi você toda queb... – pausando para segurar as lagrimas enquanto acomodava minha cabeça em seu colo. – você já esteve pior, sei que não gosta ou tenta não se lembrar, mas quando fugiu daquele louco, chegou aqui praticamente morta.

- Eu lembro de tudo Tia Dudu, acho que eu nunca vou me esquecer, às vezes sinto que quando acordar, ele estará lá novamente.

- Ele nunca mais vai lhe machucar Polly, ninguém vai permitir isso, você sabe.

- Meu pai não ia querer perder mais dinheiro, já teve mais do que o necessário em prejuízo comigo.

- Não se sinta assim – o carinho em meu cabelo relaxava e passava tanto amor que não contive as lágrimas. – Por mais estúpido que meu irmão seja, esse é o jeito que ele demonstra seu amor.

- Sei disso Tia, mas ele e meus irmãos sabem somente me criticar e podar tudo o que eu faço. Conseguir namorar foi uma batalha e na hora que meu pai vier atrás de mim vai somente me lembrar o quanto sou estúpida por confiar em outro homem.

- Você não tem que pensar neles, ou no rapaz que te machucou, pensa no que vai fazer daqui pra frente.

- Sei disso, mas preciso desses dias sozinha, no fim vou tentar seguir em frente como sempre.

Sentindo que não tinha muito que fazer, minha Tia me acomodou na cama, como fazia quando eu era pequena, beijando minha testa antes de sair.

Meus dias passaram em branco, comia somente por ser obrigada por minha tia. As tentativas de me arrancar da cama foram várias e de várias pessoas.
Até que finalmente desistiram, o dia que eu temia finalmente chegou, era hora de ouvir a bronca do meu pai, e tinha certeza de que ele não permitiria que eu me esquecesse o quanto eu era um estorvo e decepção para essa família. 
Escutei do meu quarto as saudações calorosas cortadas apenas pelo tom ríspido com o qual meu pai perguntou sobre mim. Preparei-me mentalmente enquanto a porta se abria.
- Pra variar faz só merda e depois se esconde não é Pollyana?

Meu pai estava parado a porta, sua figura alta e robusta me assustava, e tudo o que eu queria dele naquele momento era somente um conforto, sentir aquela ferocidade somente no amor que eu esperava ganhar dele.

- Pai eu não fiz nada. – respondi cabisbaixa – apenas não deu certo e eu precisava me afastar.

- Claro que não deu certo idiota – disse com fúria – Nós te avisamos para ser menos impulsiva, te avisei pra continuar focada em seus estudos, mas você quer ser esperta e ter bom coração pra confiar nos outros, ele estava querendo uma coisa e conseguiu agora só está te descartando.

- Me desculpe Pai – disse entre lagrimas – não queria lhe decepcionar novamente.

- Chega de choradeira , você esta voltando hoje pra casa, a partir de amanhã sua vida volta ao normal, e para seu próprio bem espero que não tenha prejudicado suas notas.

Quando apenas confirmei com uma aceno de cabeça ele se retirou do quarto como entrou em um estrondo, por pouco a porta não saiu das dobradiças.

Mais uma vez lá estava eu sozinha. Droga, não sou do tipo que sinto pena de si mesma, mas agora tudo o que eu precisava e queria era amor e colo, seria tão difícil assim meu próprio pai me dar isso?

Deitei novamente, me aconchegando nas cobertas e puxando a camisa de Miguel, sentindo seu cheiro que me machucava e confortava ao mesmo tempo, a camisa que de forma inconsciente veio em minha mala, tinha sido meu uniforme diário. Minha mente agora apenas rodava e rodava com a mesma questão: “Se você me ama, então por que você me traiu?”.













quinta-feira, 3 de maio de 2012

Apenas Um Acidente

Boa noite !

Neste friozinho de quinta-feira, nada mais gostoso que estar enroladinho e aconchegado com que se ama ! E se possível usufruir de um pouco de leitura ! Então apreciem....








CAPITULO 21



Foi mais um final de semana perfeito, onde podíamos nos amar, sorrir conversar e planejar nosso futuro. Mas como sempre tudo que é bom, dura pouco, a segunda-feira logo chegou e mais uma vez estávamos em nossa rotina diária.

Quando entrei no saguão da faculdade de mãos dadas com Miguel senti alguns olhares sobre nós, ao meu lado senti Miguel ficar tenso e apressar o passo, mas antes de chegarmos ao prédio de arquitetura deparamos com Carol.


- Oi Mi! – ela disse alegremente – E aí Ratinha?

- Vamos Pollyana.


Fique sem entender quando Miguel apenas me puxou tentando desviar de Carol que entrou novamente em nossa frente.


- Nossa Mi, ultimamente você tem estado com tanta pressa – um sorriso perverso cruzou seu semblante – saiu de casa tão apressado que esqueceu isso.


Estendendo as mãos pude ver uma sacola pequena de papelão, como Miguel não reagiu para pegar a sacola eu mesma estendi a mão e a peguei, olhei para Miguel de lado, mas ele olhava fixo para frente, seu maxilar rijo. Lentamente abri a sacola e reconheci a cueca samba canção do Batman, uma que tantas vezes brinquei por ser fofa.

Fechei os olhos com força, rezando para que fosse um engano, mas quando encarei o olhar de Miguel soube que meu pesadelo estava apenas começando.

Senti o mundo se abrindo debaixo dos meus pés, meu coração palpitar com força, minha pele ficando fria e somente as lágrimas quentes descendo pelo meu rosto.
As risadinhas de Carol me tiraram do meu estupor. Soltei a mão de Miguel e me virei para a vadia, que me olhava de forma desdenhosa.

 - O que foi ratinha? O gato come...

Ela não teve chance de terminar sua frase, pois minha mão foi com toda força que pude reunir em direção do seu rosto. O estalo da minha mão contra seu rosto ocasionou um silencio profundo no saguão, minha aliança fez um corte em sua bochecha, o silencio foi quebrado com o grito de fúria que Carol deu.


- Sua vagabunda – ela gritou atirando-se em minha direção, mais foi impedida de se aproximar de mim pela figura de Miguel. – isso não vai ficar assim, você me paga por essa bofetada.

- Estamos mais do que quites Carol.


Após dizer isso dei um último olhar para Miguel que parecia procurar palavras enquanto lágrimas brilhavam em seus olhos. Retirei do meu dedo o símbolo do amor que acreditei e joguei ao chão juntamente com a prova de sua infidelidade. Neste momento senti como se minha alma fosse rasgada ao meio, vi a morte dos meus sonhos, o fim de uma vida que ousei sonhar em ter.

Nada neste lugar fazia algum sentido para mim, fiz a única coisa que poderia, fugir. Corri sem rumo, me esconder era o único propósito.

Em casa não dei explicações apenas tranquei-me em meu quarto, pegando duas malas grandes e jogando-as na cama comecei a pegar as roupas no guarda roupa e gavetas e fui simplesmente jogando dentro de cada uma das malas.

Tinha somente a urgência de sumir, desaparecer, talvez assim não sentisse o coração em meu peito pesado e incomodo, como um órgão desnecessário, um órgão que me trazia apenas dor.

A dor que estava sentindo pela traição de Miguel eclipsava totalmente cada tapa que levei, cada braço ou perna quebrado, cada dia que fui mantida presa, muitas vezes sozinha e faminta apenas esperando o próximo estupro do meu próprio marido.
Sentia meu pranto se intensificar quando bateram na porta do meu quarto.

- Pollyana – a voz de Miguel ecoava por trás da madeira. – Me deixa explicar, por favor.

Recostei-me na porta enquanto as batidas continuavam, varias imagens passavam em minha mente, me fazendo sentir nojo e raiva.

- Pollyana, abre a porta – o tom de desespero em sua voz me machucava – se tu não abrir vou arrombar Pollyana.

- Vai embora... – o esforço de falar machucou minha garganta – por favor.

- Cachos... – através da barreira da porta ouvi o vacilar da sua voz – amor, não é desculpa, sei disso, mas eu estava bêbado, eu imploro, me perdoa.

Levantei-me e abri a porta no momento que Miguel levantava o punho para bater novamente. Olhamo-nos por minutos longos demais, pude observar cada traço perfeito em seu rosto, até mesmo aquela cicatriz no supercílio harmonizava suas feições.

- Polly...

- Não – disse levantando a mão para impedi-lo de continuar.  – Não precisa tentar se explicar, apenas me responda, tu transou com ela?

- Eu te disse que estava bêbado, não lembro de nada do que aconteceu te juro.

- Isso Miguel não importa, somente me diz a verdade, por favor, não mente pra mim, tu me pediu em casamento um dia depois de ter transado com ela, por quê? Só responde droga.

- Me perdoa Cach...

- Cala a boca! – a raiva dominava todo meu corpo que tremia violentamente. – Eu não suporto ouvir sua voz, não suporto sua presença Miguel, simplesmente some da minha frente.

Minhas lagrimas desciam copiosamente pelo meu rosto, sentia meu corpo prestes a desmoronar. Quando nossos olharesse cruzaram, senti toda a dor dessa traição me invadir mais e mais profundamente. 

- Para que são essas malas Polly? – Miguel perguntou percorrendo com o olhar a desordem de roupas espalhadas.

- Isso não lhe importa mais.

- Lógico que importa – disse dando um passo a frente, parando quando por reflexo recuei. – Por favor, vamos conversar, nós podemos resolver isso juntos.

- Nada pode ser resolvido Miguel. – disse aos soluços. – Entreguei-me pra ti e tu trocou tudo por uma noite de sexo.

- Não foi assim, me deixa lhe provar, por favor.

- Confiei em ti, lhe contei minha historia, tu me teve como nunca ninguém pode me ter antes, tu não valorizou vai embora, por favor.

- Você sabe que eu não vou desistir, eu te amo e é contigo que eu quero construir um futuro, nossos sonhos, me perdoa.

- Miguel eu não quero vê-lo nunca mais.

Bati com força a porta na cara de Miguel, desmoronei no chão e dei vazão ao pranto, a dor que sentia parecia querer me consumir.

Não sei por quanto tempo fiquei deitada no chão, quando o pranto diminuiu levantei-me e fui em direção à cama, onde terminei de fazer as malas mecanicamente.

Acabado esta parte caminhei ao banheiro, onde deixei a água quente correr pelo meu corpo dolorido, enquanto tentava em vão tirar da minha mente do corpo de Miguel se misturando ao de Carol.

Pronta para sair, peguei minhas malas e minha bolsa com o notebook, percorri o quarto com o olhar para confirmar que nada foi deixado para trás, estava terminando a inspeção quando notei sobre a cama meu panda de pelúcia, o ganhei de Miguel na nossa semana de amor na praia e desde então dormia com ele.

Hesitante deixei as malas e bolsa próximas a porta e caminhei ate minha cama, pegando o panda senti as lágrimas descerem novamente por meu rosto. Abraçada ao panda pude sentir meu cheiro e o de Miguel mesclado na pelúcia e pensei com dor nas noites que dividíamos e ele ria por eu levar o panda junto, mas eu apenas dizia: “É somente para ele ficar com seu cheiro, assim não vou me sentir tão só quando tu está longe”.

Afastei a lembrança e me levantei novamente pegando minhas malas e bolsa, deixei o panda para trás, gostaria apenas de ter o poder de fazer o mesmo com o amor e a dor que sentia, antes de fechar a porta, olhei novamente para o boneco, precisava me esconder, fugir do mundo e de Miguel e dessa maldita dor que me dominava.