quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Apenas Um Acidente

Bom dia !

Depois de algum tempo sumida no descanso de férias merecidas e resoluções de pendencias em minha vida, volto para postar mais um pedacinho da minha amada Polly, agradeço aqueles que me pediram por mais e continuaram visitando meu blog, a partir de agora tudo volta ao normal ! Apreciem....









Capitulo 24





Miguel


Tem dias que não suporto a ideia de pisar nessa faculdade e ter que ficar observando Pollyana a distancia, ou então como frequentemente ao lado de Gael, que dá na cara de todos o quanto esta encantado com ela.

Eu vejo o jeitinho triste que ela tenta esconder sempre que cruza meu olhar, isso me dá vontade de pega-la no colo e tirar toda a dor daqueles olhos verdes e vê-los brilhar como quando ela sorria para mim.

A culpa daquela dor é somente minha, e o pior que não tenho feito um bom papel para tentar reverter isso, essa maldita rotina de festas e garotas pode estar acabando com qualquer chance que eu tenha. Mas eu não sei mais o que fazer para conseguir o seu perdão, queria apenas ter o poder de apagar esse erro das nossas vidas.

- Miguel.

“Droga, já estou sonhando acordado”. Penso enquanto me viro somente para confirmar que é minha imaginação aquele som doce pronunciando meu nome. Quando termino meu giro me deparo com Pollyana segurando os livros contra os seios, me olhando com cautela, como se devesse sentir medo de mim, isso me corta a alma em tantos pedaços como me enfurece. Usando um vestido longo que marca suas curvas de forma tentadora, fico perdido entre correr para ela ou sacudi-la ate que entenda que eu jamais a machucaria, que esse medo no olhar não tem motivo para existir.

- Poderíamos conversar por um momento, por favor.

Estou sem fala, dou um passo em sua direção, mas ela recua, aumentando minha mágoa e fúria.

- Não precisa fugir de mim Pollyana, não vou pular em você, então não se preocupe.

- Desculpe Miguel, não foi minha intenção, não quero lhe incomodar, mas realmente preciso lhe dizer algo está bem?

- Se for pra dizer que ta junto com o Gael não precisa ainda não estou cego e vocês não tem escondido muito bem isso.

- Com certeza eu não iria procurá-lo para informar com quem me relaciono ou não – ela me respondeu, com um leve rubor tomando suas bochechas alvas, sinal de que a raiva estava vindo.

- Certo então o que? Vai me dar a oportunidade de me explicar, de tentar corrigir meu erro? Se não for isso pode voltar pro seu amiguinho que ele já ta quase avançando pra te resgatar.

- Miguel – a voz dela soou fraca e tremente. – Não sei como dizer isto para ti, então serei direta, não vim pedir explicações ou reatar algo, somente quero lhe informar que estou grávida.

- O que você disse? – perguntei me aproximando e a pegando pelos braços. – Repete Pollyana! – já disse aos gritos.

- Estou grávida. – ela me respondeu com os olhos verdes lacrimejantes me encarando.
Um sorriso começou a se formar em meu rosto, senti como se aquela vida estivesse me devolvendo tudo o que pensei ter perdido para sempre.

- Minha Cachos – abraçando-a senti meus olhos encherem d’água, enquanto planejava todo nosso futuro na minha mente. – Amor, vamos ter nossa família.

Separando-se do meu abraço ela me olhava entre lagrimas.

- Não Miguel, estou somente lhe informando, não existe nós nesta história, existe eu e o bebê, aceito qual seja sua decisão de participar ou não da vida dele ou dela, mas isso não me inclui na historia.

Sem me dar a chance de argumentar me deu as costas e se uniu a Gabriel, que a esperava ansioso do outro lado do saguão. Se esse cara ou ela acham que eu vou abrir mão do meu filho, eles não perdem por esperar.


***



- POLLYANA !

Meu pai gritava enfurecido do outro lado da porta enquanto eu me encolhia de medo na cama. Depois do drama de contar que estava gravida, a dor de ver a decepção nos olhos do meu pai me levou a me trancar em meu quarto e esperar sua raiva passar.

- Você destruiu seu futuro novamente sua estupida! Como você pode fazer isso?

Eu não pensava assim, meu futuro estava apenas começando, e essa criança era o centro de tudo. Nunca mais estaria sozinha, teria o amor mais puro que pode existir. E ele ou ela seria a razão para viver plenamente. Minha única dor era não ter Miguel ao meu lado, mas não poderia suportar sua traição e a forma que ele me humilhava a cada dia, Gael também não era uma opção, não poderia alimentar o que ele diz sentir por mim, isso traria somente sofrimento para ambos.
O melhor era estabelecer uma meta e construir meu futuro e do meu filho. Os gritos cessaram, mas eu tinha certeza que as recriminações persistiriam, então o primeiro que eu deveria fazer era sair daqui. Meu filho cresceria na minha barriga apenas sentindo o amor que eu lhe devotaria, não quero nada desse negativismo e recriminação que minha família vai me jogar.

Com isso em mente, decidi tomar posse do fundo que minha avó me deixou de herança, com isso poderia ser totalmente independente por um tempo até poder arrumar um emprego, trancaria a faculdade assim evito me encontrar com o Miguel ou qualquer um que possa me fazer mal. Sei que minha tia Dudu me receberia enquanto procuro onde viver em paz.

Deitei-me contemplando o teto e acariciando aquela sementinha que crescia em mim, somente pensando em quanto amor eu tinha quando ela foi gerada...


Miguel


Eu me corroía pra roubar aquela loira teimosa pra mim, meu Deus a agonia que sentia em tê-la nos meus braços e acariciar seu corpo que devia estar se modificando pelo ser que eu coloquei lá dentro era demais pra mim. Estava tão imerso em meus pensamentos que não senti Carol se aproximar de mim.

- Oi Mi! Balada lá em casa hoje?

O som irritante da voz dela me tirou do meu mundo feliz que só pude responder bruscamente.

- Escuta aqui garota, vou te dizer pela ultima vez, fica longe de mim se tu sabe o que é melhor pra você.

- Nossa Mi, não precisa ser grosso assim né? Sabe que eu gosto demais de você. – Me respondeu enquanto tentava passar seus braços pelos meus ombros.

Nesse exato momento Pollyana passava por nós, tentando estoicamente não demonstrar que nos viu. Apenas empurrei Carol sem me importar com seus gritos e corri atrás da minha vida.

- Hei espera aí. – Disse enquanto segurava seu braço. – Aonde você vai com tanta pressa.

Virando-se para escapar do meu agarre com brusquidão Pollyana apenas me encarou com raiva antes de declarar: - Nunca mais me toque entendeu?

Fiquei chocado com a violência com que ela disse, não pude reagir a não ser observar ela se afastar em direção a secretaria da faculdade. O que me intrigou. Procurei pela sua sombra constante ate que o localizei próximo ao refeitório. 

- Gael.

- E aí Miguel, beleza?

- Certo cara, podemos falar um instante?

Suas feições se nublaram enquanto concordava com um aceno, caminhamos ao ponto mais distante da entrada e nos sentamos em uma das mesas.

- Você agora esta sempre com a Polly, então já deve saber que ela esta gravida certo?

- Sim eu sei, e antes de continuar devo dizer que você foi muito filho da puta sabe...

- Eu já sei disso e não preciso dos seus sermões, só estou preocupado com ela valeu ?

Com aparência cansada apenas acenou em concordância antes de continuar.

- Cara essa menina é tão doce, que tudo que eu queria era embalar ela sabe?  E antes de você avançar em mim, saiba que te considero um amigo, por isso tenho que dizer que eu pedi pra ela se casar comigo.

A raiva dominava meu corpo me impulsionando para arrebentar com Gael, mas tentei ao máximo dominar esse ódio e lhe dar espaço para explicações.

- Não precisa se irritar porque ela acabou de me dizer que não pode se casar comigo.

- Nem eu permitiria uma porra dessas! – respondi furioso enquanto me levantava e caminhava de um lado para o outro. – A mulher é minha, o filho é meu e quem vai cuidar deles sou eu.

- Excelente trabalho tem feito amigo, pelo que sei ela foi expulsa de casa e está sozinha, agora mesmo está lá na reitoria trancando a matricula dela.

Isso me paralisou enquanto eu assimilava toda a informação, enquanto meu cérebro corria com todo tipo de pânico que podia sentir, corri em direção à reitoria ignorando os gritos de Gael e as pessoas que me olhavam em confusão.

Peguei os vislumbres dos cachos loiros se afastando para o estacionamento e avancei nessa direção.

- Polly! Droga pode parar um minuto! - Virando-se lentamente ela esperou pela minha aproximação. – Que historia é essa que você foi expulsa de casa ?

- Isso realmente não é da sua conta Miguel – me respondeu Pollyana calmamente. – Agradeceria que me deixasse em paz de agora em diante, no momento oportuno entro em contato contigo.

- Momento oportuno? – perguntei já enfurecido. – Quer dizer que eu não vou poder ver meu filho se desenvolver, nascer, nada disso? Você vai levar seu rancor por um erro estupido e prejudicar nosso futuro assim?

- Eu prejudicar? Agora eu sou a rancorosa? – conforme ia falando via sua fúria invadindo seu corpo como se fosse o meu. – Fui eu que te enganei? Fui eu que um dia depois de transar com uma vagabunda teve coragem de transar contigo?

- Já disse Cachos eu errei me perdoa. – Falei o mais calmamente possível.

O tapa que recebi foi tão inesperado, tão desconcertante que não tive reação. A não ser ficar observando as lágrimas descerem pelo rosto de Pollyana enquanto ela registrava suas próprias ações.

- Oh meu Deus Miguel, me desculpa! 

Com isso ela apenas fugiu novamente de mim, me deixando com aquele sentimento do quão idiota posso ser a ponto de jogar a culpa nela por um erro que é somente meu.