sábado, 23 de junho de 2012

Apenas Um Acidente

Boa noite !

Desculpem pela ausência, mas tanta coisa ocorrendo, final de curso, doença e outros afins. Mas hoje fico feliz em dividir mais da minha amada Polly. Espero que apreciem ! Boa leitura.










CAPITULO 23




Voltar para casa era a última coisa que gostaria de fazer, mas não tinha como desobedecer meu pai e agora não tinha motivos para me apoiar no sonho de me casar com Miguel, estava tudo acabado e eu teria que prosseguir com a minha vida sozinha.

Depois de uma semana de sofrimento, choro e depressão, enfrentar a faculdade não era uma opção, mas uma vez mais a boa menina obedeceu à família e seguiu seu caminho.
Sentia meu corpo fraco e cansado e não sei como reagiria ao ver Miguel ou aguentar as gozações de Carol.

Respirando fundo para ganhar a coragem para passar mais uma noite na minha vida neste prédio, caminhei pelo saguão de entrada. Percebi algumas pessoas me olhando e cochichando entre si, provavelmente comentando do show que a Carol deu e que eu tola aceitei participar.

- Pollyana! – o som desta voz seria reconhecido em qualquer lugar. – Polly!

Continuei meu passo até o prédio de arquitetura, não daria mais um espetáculo, quero somente seguir com a minha vida. Fui parada bruscamente quando Miguel segurou meu braço.

- Porra Pollyana! – virei-me e fui puxada para seu corpo, ficando a poucos centímetros do seu rosto. – Até mais aonde nessa merda eu vou ter que correr atrás de você?

Esquivando-me do seu agarre e me afastando do seu calor, seu cheiro que me inebriava, e com os olhos lacrimosos encarei aquele olhar amendoado que tanto amo.

- Não estou pedindo para correr atrás de mim Miguel, acho que fui bem clara quando disse que não queria lhe encontrar mais.

- Pollyana, eu errei, me perdoa, vamos seguir em frente e construir o futuro que planejamos?

- Não posso Miguel, me esqueça.

Tentando ao máximo evitar que as lágrimas caíssem corri para longe do meu amor, do sonho que tinha de viver ao seu lado, mas pensei na dor que sentia e porque eu não poderia ser tão nobre e capaz de perdoar.

Talvez fosse pelo fato de que jamais imaginaria que logo Miguel, o único que verdadeiramente amei e desejei, aquele que me arrancou do meu mundinho solitário, fosse capaz de me enganar, em um único ato errado, perdi tudo que tinha, meu amor, meu melhor amigo, meu amante, meu futuro...
  
Miguel atendeu meu pedido, não me procurou ou tentou entrar novamente em minha vida, não sei se me sentia bem ou mal por isso, porque a dor era muito profunda para passar assim, mas parecia que ele seguia com sua vida.

Tentei estudar, manter minhas médias e terminar logo esse curso, pois o sacrifício de estar no mesmo ambiente que ele era imenso, me fechei mais ainda em meu mundo, deixando de fora qualquer possibilidade de ser ferida.

Carol sentia-se a estrela da temporada, afinal tinha a oportunidade perfeita e fazia questão de espalhar como o relacionamento dela e Miguel estava progredindo.

Isso somente afirmava o quanto eu era substituível, mas tentei continuar assim mesmo, já havia sido humilhada de formas mais sádicas para deixar me abater, agora era somente existir, eu não tinha muitas escolhas, somente amar de longe e tentar esquecer a dor para não ser consumida nela.

**

Dois meses de uma maldita agonia, meus medos e raivas se confirmaram, Miguel estava se relacionando com Carol e mais algumas dúzias de gurias que eu tentava evitar ver ou saber quem era. Cruzávamo-nos no saguão, e ele muitas vezes me olhava com raiva, outras vezes parecia apenas saudade, mas eu sentia em nossa conexão muitas vezes dor em seu olhar.

O único conforto destes meses foi encontrar em Gael um amigo que nunca imaginei ter, mesmo que fosse um amigo em comum de Miguel, ele estava lá para me apoiar sempre que eu fraquejava, ou pensava em desistir.

Como no dia que me acompanhou ao hospital quando passei mal no caminho para a faculdade, como sempre eu estava sozinha e ele me pegou no caminho quando eu me sentei na calçada devido a uma forte tontura e enxaqueca.

 - Polly, você esta bem? – ele disse enquanto sentava-se ao meu lado e afagava minha cabeça. – Garota você esta branca feito cera, vem comigo.

- Não Gael, preciso só ficar sentada um pouco, já vai passar.

- Não digo eu Pollyana, se alguma coisa acontece contigo e eu não faço nada o Miguel me mata.

- Ele não se importa e não tem motivo para se importar.

- Não vou discutir contigo Pollyana – me respondeu exasperado. – Estamos indo para o hospital e acabou.

Pegando-me no colo como se nada pesasse, caminhou em direção do seu carro mal estacionado na calçada oposta onde me sentei. Colocando-me com cuidado no banco do passageiro e afivelando o cinto, acariciou meu rosto e me deu um sorriso afetuoso.

- Na verdade eu também não me perdoaria se não cuidasse de você.

- Obrigada, esses meses não teriam sido fáceis sem você para me apoiar.

Fechando a porta e indo para o banco do motorista, Gael não respondeu meu comentário, ficou apenas com um ar meditativo enquanto íamos para o hospital.
O atendimento, exames e perguntas feitas pelo médico eram para mim como um grande borrão quando o resultado chegou as minhas mãos, que pareciam mais pálidas do que antes e que tremiam sem parar.

- Pollyana, me diz o que você tem? – Gael me perguntou apreensivo diante da minha reação. – Você parece pior do que antes, pelo amor de Deus, eles não lhe deram nada?

Com os olhos molhados pelas lágrimas que caíam livremente pelo meu rosto, olhei ao meu amigo querido, em uma mistura de felicidade e pavor, mas acima de tudo certeza de que agora em diante eu nunca mais estaria sozinha.

- Gael.. – pausei criando coragem para proferir as palavras em voz alta, tornando assim uma realidade. – Estou grávida. Gael eu estou grávida do Miguel.

- Droga Pollyana! – Gael disse bruscamente ao se levantar do banco que estávamos sentados. – O que você vai fazer agora? Vai contar para ele? Vocês vão ficar juntos de novo? Mesmo ele tendo lhe traído e agora estar galinhando com toda mina da faculdade?

A dureza das palavras foi como um balde de água fria em minha felicidade, como poderia dividir esse presente com Miguel, se não confiava no amor dele ou nele. 
Passei a mão pela barriga que ainda se escondia ali, sabendo o tesouro que carregava e olhei para Gael.

- Acho que vou ter que ir embora, se não posso dividir esse presente com ele, não posso ficar aqui, ele vai saber que o filho é dele.

- Não! – Gael ajoelhou-se segurando com força minhas mãos. – Você não pode fugir Polly, não pode abdicar dos seus estudos por causa dele, eu assumo, eu cuido de vocês dois como se fossem meus.

Aquela frase me chocou e tocou profundamente, nunca pensei que Gael poderia cogitar se relacionar comigo, ainda mais agora que estava grávida de outro homem.

- Gael, não posso lhe permitir fazer algo assim.

- Porque não? Eu te amo, muito mais do que uma simples amiga, eu quero cuidar de vocês, me permita fazer isso.

- É muita responsabilidade Gael, tu tem seus estudos para terminar, uma vida toda pela frente, não pode simplesmente assumir a mim e meu bebê.

- Posso e quero Polly, me dá essa chance, eu sei que você não me ama, mas nós podemos tentar.

- Eu amo você Gael, como a um irmão, não posso passar disso, e não seria justo contigo.

- Eu aceito o risco, ou você prefere que ele saiba, e um dia você tenha que partilhar seu anjinho com Carol´s e outras vagabundas da vida dele?

Esse pensamento gelou minha alma, eu não permitiria que ninguém mais machucasse um filho meu, não depois da dor de perder minha filha de forma tão violenta.

- Podemos tentar.